quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Um caderno datado no ano 2000

Mãe, acho que não era para ter nascido
Por esses dias estranhos talvez era pra ter morrido
E eu não quero morrer, e meus filhos?
Que filhos?
O mundo anda tão complicado comigo...
... ou seria eu com ele?
O meu mundo
Acho que nasci no dia errado
As coisas já eram para ter acontecido
Ou para terem esperado
Você sabe, eu já falei
Estou em dois anos de atraso e dias além
Mãe, você sabe que o Brasil é o país do futuro?
Sabia que eu não sinto afeto?
Ah estou com raiva
Baudelaire me completa porém diz coisas horríveis
É sempre assim com quem me completa
Talvez sou em quem balbucia coisas horríveis
Cartas de horror, impropérios ao telefone
Sabe, me lembro do tempo que eu disse que sentiria falta por quê sabia que estava feliz de verdade
Continuo feliz, mas às vezes... intensamente melancólica
E meu melhor amigo é a solidão
É por quê ninguém fica ao meu lado, mãe
nem você
E quem fica, eu quero fugir, mando embora e sou grossa
Digo que o homem por si só não basta
E que é preciso tornar a vida bela! A vida bela!
Janelas coloridas, vermelhas, azuis e amarelas
Para a vida bela!
Meu coração não me pertence

De uma garota de 16 anos que se perdeu no tempo- e eu ainda a procuro no espelho.

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