sábado, 28 de fevereiro de 2009

Sobre doces e ciúmes

Estou pintando as unhas de vermelho para te esquecer
Acho que vai ser bom escrever
Você vai voltar para aquela mulher que só te faz doces! Te enche de doces! E de strudel de maçã.
Coisa que não sei fazer
E eu sou lá mulher de encher os outros de doces?
O que mais ela te preenche?
Além do estômago
Por quê eu não quero me gabar
Mas eu, ah eu sei, conheço muitos lugares
Sei de muitas coisas que você não sabe
Já ouvi muitas músicas e posso te contar tudo que se passou nesses livros que eu li
E todos os filmes da minha vida que gostei e não gostei
Desenhar os quadros que tanto já me pediram
Contar as histórias não!!!
Te colocar do meu lado para vivê-las comigo
E podemos fazer diversas análises e as mil maneiras possíveis de se amar
Você ainda pensa no strudel? Nos doces?
Que ainda posso te levar para esses lugares?
Se permitires...
Te contar todos os meus segredos que podem vir a serem úteis para ti, ou quem sabe que é necessário saber
Por mim
Eu canto, assovio e ainda sei interpretar
A minha astúcia chega a ser sensualidade
As minhas pernas- intocáveis- chegam a parecer borracha de tão moles
E ainda pensas nos doces.
De mim não precisas esperar que eu te enche a barriga
Nem teus olhos de felicidade
Ou teu coração de desejo
Que prefiro que não esperes nada de mim
Para não criar falsas expectativas
Eu ainda vou gostar de ti
Mas eu, ah eu sei, posso decepcionar qualquer um
E se algum dia teu coração se sentir disponível para tais conseqüências
Aí sim poderás me telefonar a qualquer hora
E mesmo assim eu estaria esperando
Ora veja, tem coisa melhor que a ligação casual do seu amor?
Para falar de coisas que nada são do coração
Por quê dessas coisas não se falam!
Semana passada mesmo eu tentei falar
Sabe o que aconteceu? Tremi. Fiquei muda.
A mãe chamava: Alessandra!
Eu sentava na mesa e ficava muda.
Eu sentia o frio nos olhos das pessoas sozinhas e mau-humoradas
Dessas como eu que se dizem felizes no seu mau humor: competentes consigo mesmas.
Dessas como eu que riem de coisas que ninguém ri
E não param de rir
Ora vejam senhores, competentes!
Só por se dizer controlada, como se isto bastasse
Como se bastasse pesquisar o preço no supermercado
Sem saber por quê as coisas aumentaram
E coisas mudaram
Mas o cheiro do açougue continua o mesmo
A perfumaria continua sendo minha sessão preferida
Depois da padaria
Até esqueci que estava pintando as unhas de vermelho
Para que mesmo?
Ah, para escrever
Sobre doces e strudel de maçã[1].


[1] Strudel é de maçã, ou pêra.

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