quinta-feira, 2 de julho de 2009

Alucinação, leia e não volte nunca mais

Quando se é feia a única coisa que resta são os livros
Livros no sofá!
Quando se é bonita deve-se restar os livros, a cama, o sofá, os vestidos voluptuosos, as meias de liga rasgando sem pudor
Quando se é feia sobra-se a literatura erótica, o imaginário, as velas, coisas subentendidas do cotidiano que nunca terminam em nada
Nada abstêmio
Champanha Boulevar
Livros daqueles de se devorar
Ah Eveline, por quê eu também não sou assim feito a ti?
Feito a ti desconexa
Feito a ti complexa
Mas menos descomplexada do que eu pensava
Menos malvada no teu ardil
Alice também me telefonou
Só que esta não resta nem a sombra
Que também me devorou na meia noite
Gastou seu último tostão na meia rasgada
Passou a mão na noite passada, como lhe sugeriram
Clamem e pasmem como os anjos do senhor são enormes e circunflexos
Engoliu a água que havia reservado por último gole gelado antes de dormir
Anima
Que champagne que é bom não acabou
É só entrar no apartamento e se virar à direita que tem uma prateleira enorme cheia dessas bugigangas que você procura
Mas o martini é muito doce e eu não comprei
Só pão francês
Pra matar a ressaca de amanhã de manhã
Arrependimento, não.
Uma aspirina.
Lenço molhado no pescoço
Pernas pro alto
Banho de piscina no inverno
Lenço molhado e quente na cabeça
Bala de hortelã
E balas de iogurte
Suco de maçã
Coca-cola é refrigerante clichê dos anos todos
Camisas soltas
Roupa de seda
Virei gueixa
Carros a muitos quilômetros sem direção
Tranca
E joga as chaves fora
Transa
Não quero mais nada entrando aqui
Só ler Freud em pedaços antes de dormir
Vocês não querem dizer” diga não às drogas?”
Cadê as drogas para se dizer não?
Que até agora eu não recusei nem emprego!
Aqui tem quantidade suficiente para duas pessoas
Para mim agora e para mim amanhã de manhã
Servindo o rosto feito pose
- pra retrato de revista
E livros que é bom nada