segunda-feira, 27 de abril de 2009

De madrugada, depois do vinho e dos desenhos.

Ai mãe, como essa borracha apaga bem
esse desenho errado que eu fiz
É a melhor borracha que usei
Apaga tudo que não esqueci
Como essa borracha me faz esquecer tudo...
Como essa borracha me alimenta o coração
apaga o que dói
Como essa borracha me alimenta
Fica tudo branquinho
nem um borrão fica
nem o resto da massinha
Ai mãe, como tu me complica
Já disse que não dá
Isso vai ter que acabar
Eu sou assim
Desenho, apago e escrevo novamente
Isso é alto
não é libertinagem.
A borracha apaga bem.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

lavatório ecomajestic de quem nunca se tocou de verdade pra sentir

Ela ficava se lavando, e se lavava muito, por que dizia que se sentia livre, e que quando fica com as pernas abertas assim é para se sentir melhor. Ela se lavava nem que fosse de manhãzinha, só da cintura para baixo depois do café. Lavava e se esfregava pra ficar limpinha e dizia que era bom. Depois saía do banheiro com a cara mais sem vergonha do mundo e pensava: -Já fiz minha toilette !! Ia para o quarto ler, quando estava bem da cabeça. Ou desenhava, escrevia teorias que não valem nada!!! Nem uma foda, pensava. Ela se lavava antes de se deitar, e se lavava muito antes de transar. Eles diziam, não precisa, te quero assim, não ela respondia, eu suei, minha virilha está molhada. mas e eu te quero assim, respondia. E depois de transar também se lavava, pra tirar o cheiro do latex antes de dormir, e se tocava o que ardia. Fechava os olhos e sentia as coisas do dia correrem pelo ralo feito clara de ovo. Quando acabava a água, ela sentava na bacia, despejando água quente e se lavando devagar. Alívio. Agora se sente livre.
É como aqueles jovens casais que permanecem no tempo andando agarrados como se fosse a primeira vez
e um dia foi.
Pra nunca mais se repetir e tentar repentinas vezes outros gestos do amar
e quem sabe tentar o que nunca tentou
Eu um dia fui.
Fui pra nunca mais voltar
Como aqueles jovens casais que dão beijos quilométricos e depois um deles embarca no õnibus
É tudo silencioso

terça-feira, 21 de abril de 2009

Na segunda adolescência

Diz que entra na roda sem fim
Diz que tira a roupa toda só pra mim
Me disseram que o amor é uma coisa que ainda não senti de verdade
frio na barriga, malemolência, coração disparado, que senti numa leve graduação
Toda a noite eu saio como se procurasse uma sensação que nem sei qual é
E ela nunca vem...
Me disseram que o amor é como não pegar em nada
Quando se pega em tudo...
Me disseram para não confundir com o ego, como me disseram...
Nunca procurei o amor ao ponto de correr
ao ponto de determinar um ponto de partida
Já que essas coisas se chegam aos poucos
Quando não se espera corar de alegria!
Invadindo o cotidiano um do outro, com permissão
Como se o amor tivesse um endereço
Que não consigo encontrar
Como se encontrar uma noite, para provar quem sabe um dia o que não se espera?
Me disseram que o amor é a roda sem fim
Vindo toda só pra mim