sábado, 28 de fevereiro de 2009

umas vezes na vida, daqueles amores...

Era um daqueles amores arrebatadores que aparecem algumas vezes na vida como se fosse pela primeira vez, como quando se diz: nunca senti coisa igual em toda minha vida!!! E depois do abatimento, tudo se recupera, tudo passa. Vinha sempre tão rápido a sentar ao meu lado e falar coisas que me faziam tão bem... oh meu bem....
Com sorrisos que me deixavam muda e pôr a colocar sorrisos também, por quê não? Se parecia tudo tão sincero e eterno, e se acabou, e se acabou...
Era uma daquelas noites quentes de um verão infernal que a gente se encontrou por acaso novamente, nem me deu bola... nem falei nada por quê não conseguia, meu corpo tremia, aí eu falo besteira, por quê o impulso nervoso dá uma descarga estranha de sentimento na gente. Aí disse para entrar em contato. Entrar em contato? Era só para me enrolar, percebeu que eu estava a fim e pôs a me enrolar, mesmo dizendo outro dia que isto não queria, e que se fosse para dar meia voltas eu seria a primeira a saber, a saber o quê?
Melhor não saber...
Veio com aquelas perguntas de sempre que me deixam sem resposta criativa de tão obvias como: sim, não, murmúrios e talvez.
É verdade? - rebatia.
Aham... - murmúrio
Veio com seus gestos bruscos e aparência juvenil, como se fosse ainda, e não é?
Veio com as palavras que me alimentam a imaginação, palavras que alimentam.... Do nada tiro as evidências, acho que terás que provar pra mim. Provar tudo que sempre quis experimentar, algo novo, diferente. Quando a gente tem 24 anos e jeito de adolescente pensa que ainda tem muita coisa pra se descobrir na vida, até estando cansada dela.
Esse amor que não me sai da cabeça, essa coisa que me faz tão bem, que me dá motivo!!! Entende o que eu quero dizer com motivo??? Eu não, mas é só isso que me move, motivo de amar...
Eram daquelas pessoas que se fazem de indiferentes com presenças extravagantes e tímidas ao mesmo tempo como a minha, que olham para as minhas pernas fingindo não ver, que cruzam pelos meus olhos querendo cruzar outra coisa, tem os mesmos ideais, que tanto lutei por eles...
Eram daqueles...

Sobre doces e ciúmes

Estou pintando as unhas de vermelho para te esquecer
Acho que vai ser bom escrever
Você vai voltar para aquela mulher que só te faz doces! Te enche de doces! E de strudel de maçã.
Coisa que não sei fazer
E eu sou lá mulher de encher os outros de doces?
O que mais ela te preenche?
Além do estômago
Por quê eu não quero me gabar
Mas eu, ah eu sei, conheço muitos lugares
Sei de muitas coisas que você não sabe
Já ouvi muitas músicas e posso te contar tudo que se passou nesses livros que eu li
E todos os filmes da minha vida que gostei e não gostei
Desenhar os quadros que tanto já me pediram
Contar as histórias não!!!
Te colocar do meu lado para vivê-las comigo
E podemos fazer diversas análises e as mil maneiras possíveis de se amar
Você ainda pensa no strudel? Nos doces?
Que ainda posso te levar para esses lugares?
Se permitires...
Te contar todos os meus segredos que podem vir a serem úteis para ti, ou quem sabe que é necessário saber
Por mim
Eu canto, assovio e ainda sei interpretar
A minha astúcia chega a ser sensualidade
As minhas pernas- intocáveis- chegam a parecer borracha de tão moles
E ainda pensas nos doces.
De mim não precisas esperar que eu te enche a barriga
Nem teus olhos de felicidade
Ou teu coração de desejo
Que prefiro que não esperes nada de mim
Para não criar falsas expectativas
Eu ainda vou gostar de ti
Mas eu, ah eu sei, posso decepcionar qualquer um
E se algum dia teu coração se sentir disponível para tais conseqüências
Aí sim poderás me telefonar a qualquer hora
E mesmo assim eu estaria esperando
Ora veja, tem coisa melhor que a ligação casual do seu amor?
Para falar de coisas que nada são do coração
Por quê dessas coisas não se falam!
Semana passada mesmo eu tentei falar
Sabe o que aconteceu? Tremi. Fiquei muda.
A mãe chamava: Alessandra!
Eu sentava na mesa e ficava muda.
Eu sentia o frio nos olhos das pessoas sozinhas e mau-humoradas
Dessas como eu que se dizem felizes no seu mau humor: competentes consigo mesmas.
Dessas como eu que riem de coisas que ninguém ri
E não param de rir
Ora vejam senhores, competentes!
Só por se dizer controlada, como se isto bastasse
Como se bastasse pesquisar o preço no supermercado
Sem saber por quê as coisas aumentaram
E coisas mudaram
Mas o cheiro do açougue continua o mesmo
A perfumaria continua sendo minha sessão preferida
Depois da padaria
Até esqueci que estava pintando as unhas de vermelho
Para que mesmo?
Ah, para escrever
Sobre doces e strudel de maçã[1].


[1] Strudel é de maçã, ou pêra.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Hoje: pé na estrada !

Minha tenra lucidez

Quando a perderei mais uma vez

Quantas vezes a quis jogar fora e você sempre volta

Parecendo que não vai embora, só vira no máximo dor de cabeça

E eu quero que sumas antes que me enlouqueça

Por quê minha lucidez quer me enlouquecer

No máximo me perder

No mínimo me fazer sofrer

Então venha

Que estou doida para saber como fico louca

Só de pensar na sua demora

Você que está errado! Saia já do meu quarto!

Venha, quero lhe mostrar minhas coisas

Eu vi facas, pontas, estiletes, vidros quebrados

Eu sou a donzela de ferro e vou seguindo seus passos

Ao menos que pare nas esquinas sombrias

Talvez volte à sobriedade

Ah não, já sei o que significa isso...

Minha boa sanidade

Você que tanto me faz bem agora faz esses planos malucos na minha cabeça

Já falei que sou muito louca para você

Esta noite tentou me perseguir de novo

Tomara que não me pegue no sono

Te esperei a noite e madrugada inteira e nada

E quando a noite termina e chega o dia minha lucidez volta como antes

Que nitidez! Vejo tudo agora com nitidez!

Só me falta saber por quê minha loucura não me quer esta noite

Tanto que lhe alimentei

E você mais uma vez some há muitos anos

Eu disse: - " E quando o sol nascer!? Você vai estar onde o sol nascer?"

Nem quero saber um pingo de suas maldades

Por favor, não me faça fazer alguma coisa

E eu querendo sentir suas verdades

Só para dizer para mim: - " Eu sei como é o bem e o mal"

É a loucura

Ou a doce sensatez

Que tanto faz pensar com calma e pensar mais e demais

Não sei o que é pior, minha doce querida

À mim mesma

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Um caderno datado no ano 2000

Mãe, acho que não era para ter nascido
Por esses dias estranhos talvez era pra ter morrido
E eu não quero morrer, e meus filhos?
Que filhos?
O mundo anda tão complicado comigo...
... ou seria eu com ele?
O meu mundo
Acho que nasci no dia errado
As coisas já eram para ter acontecido
Ou para terem esperado
Você sabe, eu já falei
Estou em dois anos de atraso e dias além
Mãe, você sabe que o Brasil é o país do futuro?
Sabia que eu não sinto afeto?
Ah estou com raiva
Baudelaire me completa porém diz coisas horríveis
É sempre assim com quem me completa
Talvez sou em quem balbucia coisas horríveis
Cartas de horror, impropérios ao telefone
Sabe, me lembro do tempo que eu disse que sentiria falta por quê sabia que estava feliz de verdade
Continuo feliz, mas às vezes... intensamente melancólica
E meu melhor amigo é a solidão
É por quê ninguém fica ao meu lado, mãe
nem você
E quem fica, eu quero fugir, mando embora e sou grossa
Digo que o homem por si só não basta
E que é preciso tornar a vida bela! A vida bela!
Janelas coloridas, vermelhas, azuis e amarelas
Para a vida bela!
Meu coração não me pertence

De uma garota de 16 anos que se perdeu no tempo- e eu ainda a procuro no espelho.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Café Majestic apresenta:

Triste
Eu sou a moça triste
Que toma o café devagar
Enquanto espera o tempo passar
A moça triste daquele quarto de janela meio aberta pra pegar um ar
Que dia desses disse coisas de que não gostava, pra variar do que gostava?
Moça triste na varanda de madrugada
Moça triste que não faz nada
Gosta mesmo é de passear
Sem ninguém nem ter hora pra voltar
Aí não adianta reclamar da tristeza de tomar café sozinha
Enquanto chove e pensa: o que eu vou fazer agora?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Amélie em: Encontrar o ex-namorado e ele pedir pra tirar o biquini na praia não é uma boa.

Na primeira meia hora ele ainda era divertido. Com seu humor bobo. Não é aquilo que possa chamar de humor inteligente, mas também não é de todo mal. Depois de meia hora o assunto se esvaiu. Passei a perguntar coisas da vida, daquelas que se perguntam à parentes. Fomos dar uma volta. Eu, para ver se desentediava. Sou muito feliz comigo, posso achar tudo maravilhoso sozinha. Mas ele disse que se sente um saco. Alguém assim não pode ser muito divertido mesmo.
A verdadeira mentalidade moldada pelo sistema.
- Estais assistindo ao Big Brother?
Amélie - Eu não!
Pausa
Amélie - Queria te mostrar umas músicas.
- O que eu quero eu ouço no rádio.
- Vamos ver um filme?
- Aluguei um e nem assisti.
- Qual?
- Narnia.
- Queres ler isto que eu escrevi?
- Humm, não consigo me concentrar...
- Estais lendo alguma coisa.
- Não. lembra que quando a gente namorava tu me deste um romance gay pra ler?
- ?
- O Uivo.
- Ah, era poesia.
- Como que tu querias ficar comigo se me desse um romance gay pra ler?
- Peguei na biblioteca. - enruga a testa.
Começa a pensar sozinha de novo:
Perdi a vontade de dar os " beijos kilométricos".
Na rua ele era um escândalo. Morria de vergonha. Falei para ficar quieto. Perdeu os trocados do refrigerante. Comprei. Parecia que eu era sua mãe, tinha que estar cuidando o tempo todo.
Aquilo foi me consumindo. E eu abafando o sentimento angustiante. Nadar era uma maneira de esquecer tudo isso.
- Espera um pouco, meu biquini está caindo!- se abaixa na água e ajeita.
- Não sabes nadar?
- Sei. Até já participei de campeonato. Só não ganhei. - tenta nadar um pouco e pára para ajeitar o biquini.
- Tira!- vindo pra cima.
- Não quero. Todos váo ver.- afasta.
- Faz topless - pra cima de novo.
- Não!!!- histérica. Começa a nadar para trás.
- Mas eu quero. - se afasta um pouco, tira a bermuda e começa a girá-la na mão.
Amélie finge que sente indiferença para não incintá-lo. Ele enrola a bermuda em forma de uma bola e diz ao mesmo tempo que joga para Amélie:
- Cú voador!
Ela começa a rir e joga de volta dizendo:
- Tem que jogar assim- joga com uma mão só.
Tomara que não mexa com as pessoas... pensava. Ela sai da água e ele vem atrás tentando aparecer o tempo todo.

Nisso desvia a cena para o horizonte e Amélie aparece na cozinha, falando com a amiga:
"Não aguentava mais aquele humor sem graça que se tornou. Me dava tapas nas pernas como se agradasse. Desviava fingindo que era só para pegar gelo pro steinhäger.
Ele perguntou do que eu gostava de fazer. Respondi na lata: Passear!
Ele não gostava de nada. E só conhece música de baixaria.
Chegamos na minha casa e pus a água para o café. Em cinco minutos minha mãe chegou. Ele disse que ia embora e era para eu ir junto. Eu falei que preciso de um banho. Ele disse para eu não gritar que não é meu empregado.[sic] Eu disse que não poderia ir. Ele falou que me esperava até o ônibus vir. Falei que tudo bem.
Ele saiu do portão e nem olhei para trás. Entrei dentro de casa e olhei o relógio. 18:20, não o aguentava por três horas. Comi e fui dormir. "


PS. Ainda vou fazer a análise histórica do Um Bonde Chamado Desejo.